Uma vez uma pessoa me disse: “ No Japão você conhece pessoas do mundo inteiro.”. Eu tenho pensado nessa frase desde que comecei a ver novelas (doramas) e filmes contando romances de pessoas que se conheceram no Japão.
A primeira vez que escutei a frase: “ No Japão você conhece pessoas do mundo inteiro.”, eu pensei podemos encontrar todo mundo em qualquer lugar do mundo também. Mas o que na época eu não captei é que o lugar onde você está ajuda a tudo ser mais agradável ou não. Eu já encontrei vários estrangeiros em lugares diferentes no Brasil mas nada que gerasse uma história.
O Japão com suas tradições e sua forma educada e diferente de ser, “força” um pouco a todos seguirem aquele caminho. Como diz a frase em Roma se come como os romanos.Até uma pessoa como eu que nunca fui ao Japão quando estou estudando tal cultura me submeto a certas posturas.
Quando descobri a cultura japonesa estava fazendo o curso de Direito. O curso de direito era para mim no começo uma pedra muito pesada que eu carregava sem querer carregar. Eu fazia uma espécie de compensação para cada 5 livros de direito que eu tinha que comprar eu queria um dicionário de Japonês ou um livro japonês. Para cada prova que eu tinha que estudar freneticamente eu tirava 30 minutos para ver um anime,para relaxar. No lugar de chegar em casa e ver a globo eu preferia ver as novelas NHK (a direta do Japão). E nos finais de semana ao invés de ficar vendo filmes americanos ou sei lá mais fazendo... O que eu preferia era pintar minhas blusas de malha com ideogramas como: justiça, amor, paz, luz, Japão, sonho, felicidade e etc.Quando eu pintava colocava uma música que me deixasse calma (um rock ou trilha sonora de anime) e fazia aquilo quase a tarde toda e me sentia em paz. Era como se enquanto eu estivesse pintando esquecesse tudo ao meu redor. Depois disso eu tinha coragem e paciência para estudar as leis.
Nessa época também eu ganhei um livro de um amigo (Weliton) era todo em Inglês ensinando japonês, a língua e a cultura no sentindo de como se portar em determinada situação no Japão. Eu traduzia para um caderno de desenho assim era fácil eu ter espaço para escrever os ideogramas. E também nessa época acabava estudando o Inglês algo que sempre amei para saber o Japonês. Ainda hoje sou boa em japonês romanizado e em escutar e entender no entanto para ser completo tenho que aprender a escrever os maravilhosos ideogramas.
Outra coisa marcante dessa época de quando eu fazia direito, era que eu sempre chegava em casa abismada até aonde o homem iria para conseguir o que queria. Vindo de uma família de pai e mãe divorciados, morar de favor na casa de parentes, exclusão, sofrimento, humilhação já fazia parte do meu dia a dia. Mas sempre tem um grau diferente e distorcido do lado mau da vida. Era novidade entrar em contanto com o grau elevado de maldade, cinismo, falsidade, criminalidade entre tantas as outras coisas que na época me assustou mas hoje me fez mais forte. Nesse ponto eu comecei a entrar em conflito comigo mesmo. Ser educada para fazer somente o certo e ter que praticar as curvas tortas da vida para chegar ao certo me fazia me sentir mal. Por tanto se eu não o fizesse parecia que eu ficaria eternamente em um “ponto morto”. Foi quando eu descobri uma filosofia de vida chamada: SEICHO-NO-IE. Então eu comecei a pensar de uma outra forma e rever os conceitos.
O que tudo isso tem haver com conhecer pessoas no Japão? Bem é que mesmo sem ter saído do Brasil eu já caminhei por muitos lugares do Japão. Eu vejo histórias dentro de histórias e ainda sim observo a cor daqueles degraus de pedras para subir no templo. Já conheci pessoas no Japão ainda que eu estivesse no Brasil. Sim no Japão você conhece todo o mundo...
Texto de Rani MOL