Somos sempre chamadas de
neuróticas em relação a aparência, mas
raramente se ver mulher feia em filmes, seriados, propagandas, em apresentação
de programa, novelas e etc. Até mesmo no mundo plus size existe um padrão de
moças acima do peso sim, porém com resto de boneca. Mas hoje resolvi falar de
padrão de beleza, por que vi uma situação ridícula de violência (ética, moral,
psicológica e de racismo também) contra mulher na internet (o caso está na
justiça) e um dos tipos de mulher que foi ofendida foi a gorda.
Depois dos meus 08 anos de idade
ganhei barriga que só foi crescendo e foi piorando na fase adulta. Hoje me vejo
em um tratamento eficiente que está dando certo, mas é verdade que deu uma
pausa de mais de 1 quinzena. É de enlouquecer “comer” remédios e folhas todos os
dias, mas é ótimo vestir um número menor ou perceber que a calça está caindo. Abrir o
maravilhoso google/facebook e ver pulando sites de dietas como se realmente
fosse tudo milagroso. Essa beleza de ter um tecido adiposo quase invisível leva
tempo para conseguir e muita dedicação também.
Eu que amo novela asiática é um
contraste a questão de padrão de beleza, primeiro por que eles têm técnicas e
produtos para deixar a pele totalmente branca, além de não pegar sol. Quando o
assunto é peso já vi em varias novelas (taiwanesa, japonesa e coreana) é um
verdadeiro bullying, o personagem sempre se envergonha pelo seu peso e todos da
novela encorajam a mesmo com todo potencia ficar “escondida” do mundo.
Realmente não deve ser nada bom ser gorda Ásia.
As americanas investem em
silicones nos seios, brasileiras na bunda e as asiáticas operam os olhos para ficar
grande (geralmente como de boneca). As asiáticas desistem de casar para viver
uma modernidade ou até mesmo a oportunidade de decidir a vida dela por ela; as
americanas até casam, mas pagam as contas; e as brasileiras seja solteira ou
casada trabalha como um burro de carga, se cobra aparência, sucesso e amor - e
ainda sofre o risco de ser traída pela melhor amiga.
Da Ásia ao Brasil: Qual mulher
nunca se sentiu um pouco fora do Padrão? Entre um lápis que quase fura os olhos,
escovinhas (nesse calor tropical), saias curtas (no inverno congelante
asiático) a mulher tenta acompanhar uma beleza full HD (perfeita). Mas quem
repara na beleza de uma mulher quando ela está com filhos no colo, ela não é
sexy, ela é uma mãe. Quem repara na beleza de uma mulher chorando, fazendo
barraco, ali é sua fragilidade. Quem repara na beleza de uma mulher trabalhando
cansada, com cólica, mas em pé, ali ela é uma mulher guerreira ou talvez determinada.
Quem repara numa mulher rezando, ali ela está pra Deus. Então qual é a hora que
nos reparam num ponto de ônibus voltando pra casa, numa foto na rede social (como
se fosse uma celebridade). Ah! Quero ser a mais bela rezando, com filho no colo
fazendo careta ou rindo, sendo amiga chorando ou gritando, por que não deixo de
ser mulher com cabelo bagunçado.
E de vez em quando sempre surge no
espelho “maldito” com a voz dizendo você está fora do padrão, nenhuma roupa
presta e tantos outros pensamentos que nós mulheres sentimos sempre... Mas
devemos fazer como no filme do Harry Potter em que ele pega a pedra filosofal e
quebra o espelho. Bem no nosso caso não podemos quebrar o espelho, mas podemos
silenciar a voz em nossas mentes e seguir em frente. Não é fácil mas uma vez
que você passe ultrapasse a voz e vá além fisicamente (sair da frente do
espelho, de casa e etc), o ar muda.
Texto de Rani Mendes
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